No princípio era o Verbo — ou, no caso de Luciano Figueiredo e Óscar Ramos, no princípio era a Palavra-Destaque. Foi ela, a palavra escrita e espacializada, a norteadora de grande parte da criação gráfica que pode ser vista nesta ex-posição. Se muitas das capas de disco apresentadas aqui já são velhas conhecidas do público, pela primeira vez poderão ser vistos de perto também os arquivos e bastidores de marcos do design produzidos durante os anos da contracultura no Rio de Janeiro. Ao trabalhar ao lado de amigos e parceiros como Hélio Oiticica, Waly Salomão, Torquato Neto, Jards Macalé e Ivan Cardoso, a dupla expandiu seu repertório de ideias e referências, criando uma marca gráfica experimental e inconfundível.
Em Gráfica Poética, o visitante estará diante de um acervo fundamental para compreender o design feito nos tempos do analógico, quando muitos dos processos que hoje são mediados por tecnologias digitais eram praticamente manuais.
O espaço foi dividido em três importantes eixos da produção de Figueiredo e Ramos, realizada num arco temporal de aproximadamente 30 anos. São criações para o ramo editorial (capas e projetos gráficos de livros, diagramação de jornais e revistas), para a música (capas de disco, cartazes de shows, cenários/ambientações) e para o cinema (letreiros, créditos finais, cartazes, direção de arte). Numa trajetória em que a presença gráfica e poética da palavra sempre foi fundamental, uma exposição como esta é a oportunidade de oferecer ao público do Futuros - Arte e Tecnologia um mergulho no mundo de dois artistas que proporcionaram à cultura brasileira alguns de seus momentos mais luminosos.
Aïcha Barat e Fred Coelho
curadores